Atividades e Estratégias para Estimulação da Comunicação e Linguagem

Imitação

A imitação é uma das bases da aprendizagem. Todos nós aprendemos com base na imitação.

Vamos imaginar uma situação comum no nosso dia-a-dia: quando chegamos a um restaurante de self-service pela primeira vez, a primeira coisa que fazemos, mesmo que de forma inconsciente, é olhar para as outras pessoas que já se estão a servir para perceber o procedimento do restaurante e acabamos por imitar esse procedimento.

Antes da criança conseguir imitar comportamentos verbais é essencial estimular a imitação motora (exemplo: dizer adeus, mandar beijinhos…) mesmo que tenha de conduzir a criança a imitar com as suas mãos/corpo. Numa fase inicial pode ser importante ajudar fisicamente a criança, mas o objetivo é que progressivamente o vá fazendo sozinha, por isso é importante que o papel do adulto seja muito mais o de ajudante, do que o de quem faz em vez dela.

IMPORTANTE: Trabalhar sempre frente-a-frente com a criança. Pedir uma vez e esperar. Se nada acontecer, pedir a segunda vez e ajudar.

Como fazer o pedido?

João, faz igual” (e dar o exemplo) em vez de “João, diz tchau!” porque isto é um pedido de seguimento de comando (quando pedimos à criança para seguir um comando damos apenas a instrução verbal).

No caso de queremos que a criança faça “tchau!” para estimular a imitação dizemos “João, faz igual!”, se queremos que a criança siga um comando dizemos “João, diz tchau!” (sem dar o exemplo, apenas a instrução verbal).

Criar situações de intenção comunicativa

Provocar situações em que a criança precise de fazer um ato comunicativo para obter o que quer:

  • Colocar à vista coisas que sabemos que a criança quer/gosta, mas fora do seu alcance;
  • Dar coisas incompletas (exemplo: dar um iogurte sem colher);
  • Dar coisas que não consiga fazer sozinha;
  • Dar pouco de cada vez para que a criança sinta a necessidade de pedir mais.

Para estimular o pedido numa fase em que a criança não diz palavras, pode ensiná-la a fazer o gesto dá (estender a mão e fazer contacto ocular). Aos poucos, ela poderá associar o gesto à palavra.

Ao brincar com a criança, pode interromper a brincadeira, de modo a que a criança tenha de fazer/dizer alguma coisa para que dê continuidade à brincadeira.

Exemplos de brincadeiras sensório-sociais:

  • Onde está? – esconder o brinquedo com que a criança está a brincar no meio de almofadas e ajudar a encontrá-lo.
  • Cócegas – fazer cócegas e ir interrompendo.
  • Jogar à apanhada/jogo do pega-pega – correr atrás dele e parar, para que ele o venha chamar ou o olhe para continuar.
  • Cavalinho
  • Fazer de avião – levantar a criança e imitar o avião fazendo o movimento com o corpo; esperar que a criança peça mais antes de cada “vôo”.
  • Estar atento às iniciativas da criança

Devemos estar atentos à criança, observando os seus movimentos, a sua postura corporal, … e tentar interagir com ela atribuindo um significado aos seus gestos e até mesmo sons que ela produza.

Situações do dia-a-dia

Aproveite situações como o banho ou a troca de roupa para nomear as partes do corpo e as peças de roupa (pode sugerir à criança que lave determinada parte do corpo ou que pegue uma peça de roupa).

Colocar a criança em frente do espelho e ir dizendo os nomes das partes mais conhecidas do corpo humano; ajudará a desenvolver o conceito de esquema corporal.

Brincar ao faz de conta.

Cante com o seu filho, relembre músicas infantis e alterne trechos em que cada um canta uma parte.

Associações

Sempre que possível, devemos usar um gesto ou som junto com a brincadeira/objeto/palavra.

Se estivermos a falar sobre determinado objeto ou atividade, a criança deve manuseá-lo ou praticá-la, sempre que possível. Assim, ela pode gravar junto da informação auditiva verbal (nome falado) outras informações, como auditivas (barulho que faz), olfativas, táctil (textura, forma), propriocetiva (o que se sente ao saltar, por exemplo) …

Servir de modelo para a criança, demonstrando como se movimenta a boca para falar e deixar que ela observe e imite os movimentos faciais que o adulto faz ao produzir sons (tic- tac do relógio, barulho do carro, campainha, telefone, animais…).

Interação

Fazer brincadeiras que impliquem interacção: trocar bola, trocar carro, fazer caretas, bater palmas, fazer “cucu”, imitar movimentos do corpo, faz-de-conta, empilhar ou pôr num saco vários objetos parecidos (por exemplo legos, molas de roupa…).

É importante começar estimular desde cedo o brincar em pequenos grupos, orientando as crianças na realização de atividades grupais e orientá-las a esperar a sua vez e a partilhar os brinquedos.

A RETER

  1. Limitar a quantidade de palavras, sendo o mais objetivo possível ao que quer dizer.
  2. Use um objeto ou tema de interesse restrito da criança para chamar a sua atenção. Ela ficará mais motivada a ouvir se o assunto for do seu interesse.
  3. Recorra ao uso de um suporte visual, como fotos, objetos ou figuras para auxiliar na compreensão.
  4. Fique atento ao ambiente onde estão. Lugares com estímulos em excesso podem atrapalhar, como: poluição visual, vozes de outras pessoas, barulhos da rua, cheiros fortes, etc.
  5. Espere alguns segundos antes de repetir, para que a criança tenha tempo de processar a informação que acabou de ouvir.
  6. Ofereça apoio visual ao realizar perguntas (por exemplo, ao perguntar “Queres maçã ou banana?”, indique as frutas nas mãos).
  7. Faça perguntas específicas. Ao invés de “como foi o teu dia?”, usar“gostaste das aulas?”, “comeste o lanche todo?”“brincaste de quê?”.
  8. Crie oportunidades para que a criança se comunique. Mesmo que não saiba exatamente o que ela quer, espere que ela peça.
  9. Aumente o vocabulário da criança sempre que tiver oportunidade. Se ela disse “bola”, complemente: “boa, bola amarela”, por exemplo.

Tenha em conta que nem sempre a criança responderá, o que não significa que não tenha compreendido ou seja anti-social. Continue a tentar comunicar-se com ela, pois isso pode significar muito para a criança.

Crianças com autismo são sociáveis à sua maneira. Os adultos devem encontrar a melhor forma de interagir e comunicar-se com elas pois precisam deste contacto para o seu desenvolvimento!

REPETIR, REPETIR, REPETIR … REPETIR!!

Diana Lopes – Terapeuta da Fala

Mario NascimentoAtividades e Estratégias para Estimulação da Comunicação e Linguagem