No passado dia 17 de abril a nossa querida Tatiana Matos, representante da Ekanda Autista, teve o prazer de conversar com Célia Silva – Psicóloga e Terapeuta Comportamental sobre “Estratégias e práticas de intervenção no autismo para pais”.
A pedido de muitos pais, partilhamos convosco um resumo das estratégias faladas do nosso Live e também os documentos que foram referidos pela nossa Psicóloga e Terapeuta Comportamental Célia Silva.
Estratégias Gerais
- Os pais devem ter calma e paciência;
- Os pais devem respeitar o seu próprio processo, fazer o que podem;
- Pode ser uma janela de oportunidade para os pais treinarem a autonomia dos filhos (lavagem das mãos, estabelecer horários, ajudar em tarefas diárias…);
- Por exemplo se a criança antes acordava às 6 horas, agora pode acordar um pouco mais tarde, por exemplo às 8h30;
- Fazer jogos tradicionais para gastar energia, ótima oportunidade para os pais ensinarem jogos e brincadeiras da sua infância;
- Importante ter horários estabelecidos para todas as atividades diárias.
Estratégias para rotina do sono
- Fazer um registo de comportamentos diários;
- A que horas a criança acorda;
- A que horas a criança dorme;
- O que comeu antes de dormir;
- Perceber os ruídos e luminosidade presentes no ambiente;
- Perceber a temperatura do ambiente;
- Observar se a criança tem alguma dificuldade para respirar;
- Pessoa responsável por colocar a criança no quarto;
- Retirar tablets, telefones, horas antes da criança ir dormir pois são estimulantes;
- Fazer uma lista de horários juntamente com a criança usando de preferência imagens (Ex: hora da leitura- colocar um livro a frente);
Estratégias para lidar com as birras
- A birra tem uma comunicação, uma necessidade;
- Tentar perceber o porque que a criança chora;
- Se a criança faz uma birra para conseguir algo, os pais não podem ceder ela precisa perceber que não é com choro que ela consegue o que quer;
- É importante estabelecer horários;
- Os pais podem mudar o seu comportamento diante de uma birra. Primeiro manter a calma, conversar com a criança mesmo que ela seja não verbal. Perguntar o que ela precisa;
- Explicar à criança que se ela não parar de chorar não vai ter o objeto desejado;
- Tentar perceber o que aconteceu antes da birra. Aconteceu um aumento ou diminuição de ruídos, da luminosidade, da temperatura?
- Perceber a diferença entre birra e crise. Na crise a criança não consegue parar o comportamento. Os pais devem ser o modelo do comportamento, mantendo a calma e sentar do lado da criança enquanto ela chora.
Birras em supermercado (como ajudar a mãe)
Temos muita informação numa loja (cheiros, barulho, pessoas a passar). É importante prevenir, preparar a criança antes de fazer algo, pode ser com desenhos.
- Conversar com a criança antes de ir ao supermercado (que horas vai, com quem vai, o que vão comprar);
- Ir ao supermercado em horários mais calmos.
Após a birra estar instalada.
- Paciência e calma;
- Ignorar (Ex: se a criança faz uma birra porque quer um chocolate, ignorar e ir para outra secção);
- Conversar com a criança que se ela não parar, não sairá do local. Quando se diz “não” o nosso tom de voz e a nossa expressão facial tem que ser firme. O estímulo visual é mais importante que o sonoro.
- Dar um reforço positivo. Por exemplo, portaste tão bem hoje, ficaste do lado da mãe. Podes escolher algo que gostes.
- O ideal é que as outras pessoas não façam nada. Uma terceira pessoa pode aumentar a angústia da mãe e aumentar o comportamento negativo da criança.
Estratégias para alimentação.
- Todos os nossos sentidos estão envolvidos durante a alimentação;
- Muitas crianças são seletivas (Ex: queremos que a criança coma batatas, devemos apresentar a batata de várias formas e texturas, batata frita, puré, cozida com ou sem temperos);
- Os pais devem ser o modelo (rotina, horário das refeições é fundamental);
- Pedir à criança para ajudar a preparar a alimentação;
- Evitar lanches fora das refeições, a criança precisa ter fome.
Os documentos que se seguem para consulta foram disponibilizados pela Psicóloga e Terapeuta Comportamental Célia Silva e elaborados pela Universidade de Coimbra, pela Ordem dos Psicólogos Portugueses e pela Psicóloga Daniela Vieira.
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Boa leitura!