Impactos do diagnóstico tardio no Autismo

A Perturbação do Espectro do Autismo (PEA) tem na maioria dos casos um quadro clínico com manifestações precoces, mas com alguma frequência o diagnóstico ainda é tardio.

Existem várias razões pelas quais as avaliações iniciais da criança não resultam num diagnóstico de autismo, podemos ressaltar as seguintes:

  • Tanto profissionais quanto os pais andam em torno do diagnóstico com o melhor prognóstico. É compreensível, já que os profissionais querem um certo nível de certeza antes de entregar um diagnóstico fechado de PEA;
  • Os profissionais muitas vezes querem dar uma hipótese ao desenvolvimento, uma vez que as crianças desenvolvem-se em ritmos diferentes. Assim, tendem a tranquilizar os pais, desconsiderando sinais importantes que indicam a presença da PEA;
  • O autismo é um espectro, com uma ampla gama de comportamentos. Muitas vezes, os seus sintomas variados podem ser confundidos com outras condições e levam ao diagnóstico tardio do autismo.

O diagnóstico tardio pode levar a consequências como:

  • Agravamento dos comportamentos inadequados da criança, existe o risco do fracasso em desenvolver relacionamentos com seus pares e a falta de tentativa espontânea de compartilhar prazer, interesses ou realizações com outras pessoas;
  • Crianças autistas podem não ter medo do perigo o que pode gerar graves acidentes, sua agressividade pode trazer transtorno na vida escolar e dentro de casa;
  • A hipersensibilidade sensorial pode causar dor no autista; com o tempo, se não realizadas terapias, a irritação pode gerar crises nervosas pelo incómodo causado.

O quadro de autismo não é estático, alguns sintomas modificam-se, outros podem amenizar-se e vir a desaparecer, porém outras características poderão surgir com o decorrer do tempo.
Portanto, são aconselhadas avaliações sistemáticas e periódicas. Não há um tratamento que cura o autismo, mas algumas técnicas comportamentais e educacionais trazem benefícios quando iniciadas precocemente.
O tratamento pressupõe uma equipa multi e interdisciplinar – tratamento médico (pediatria, neurologia e psiquiatria) e tratamento não-médico (psicologia, terapia da fala, pedagogia, terapia ocupacional, fisioterapia e orientação familiar), profissionalizante e inclusão social, uma vez que a intervenção apropriada resulta em considerável melhora no prognóstico.

O êxito do tratamento torna-se visível ao longo dos anos. Por este facto a família não deve medir forças para manter o autista até à sua fase adulta incluso na sociedade, pois as consequências podem-se agravar se existir exclusão.
O diagnóstico na sua fase inicial evita piora dos sintomas que comprometam a vida social do portador; a demora no processo de diagnóstico e aceitação é prejudicial ao tratamento, uma vez que a identificação precoce permite um encaminhamento adequado e influencia significativamente na evolução da criança.
Os pais que identifiquem sinais de autismo nos seus filhos, devem procurar uma avaliação completa, feita por um profissional experiente no diagnóstico da PEA. Da mesma forma, professores também devem estar atentos aos sinais nos seus alunos.

Referências:
FPDA- Federação Portuguesa de Autismo “’ Autismo’’. Disponível em http://www.fpda.pt

https://portal.unisepe.com.br/unifia/wp-content/uploads/sites/10001/2018/06/10consequencia_do_reconhecimento.pdf.

https://institutoneurosaber.com.br/diagnostico-tardio-do-autismo-afeta-a-qualidade-de-vida/

Mario NascimentoImpactos do diagnóstico tardio no Autismo