Filho sem “Rótulo”

Sou mãe de um menino autista com 16 anos, que durante o percurso desta condição “autismo” passei pelos seguintes processos fundamentais e que são a base da minha estrutura:

1. Diagnostico do meu filho;
2. Aceitação da minha parte;
3. Procura de ajuda para saber lidar com ele;

Hoje, encaro a perturbação do espectro do autismo (PEA) do meu filho com a maior naturalidade possível, por ser uma condição de espectro: alguns autistas têm dificuldades na aprendizagem, outros na escrita, na fala ou na socialização, e o meu filho tem dificuldades na aprendizagem e na socialização.

Hoje sei, que a causa do autismo está ainda a ser investigada, mas tudo indica que existirá uma combinação de fatores – genéticos e ambientais – que podem ser responsáveis pelas diferenças de desenvolvimento. O autismo não é causado pela educação de uma pessoa nem são as circunstâncias sociais a causa da condição do indivíduo.

Deixei de me condenar, pela ideia de culpa pelos problemas do meu filho, pois contrariamente, ao mito a respeito do autismo, em que muitas pessoas ainda não sabem lidar com o chamado perturbação do espectro do autismo, que afeta 1% da população mundial.

Aconselho a todas as mães, que não se culpem, esqueçam os “ruídos” feitos por outras pessoas. Não se atirem da janela, não deixem de acreditar que precisamos de forças para procurar ajuda, falar abertamente do que nos preocupa porque o autismo não é uma tragédia.

Quando recebi o diagnóstico, foi como viver um momento de não saber o que fazer, de não ter chão para segurar as minhas pernas, porque perdi aquela ideia que tinha do que o meu filho seria.

Na minha opinião, de nada adiantam a ansiedade e a revolta. O “segredo” está em “não deixar de acreditar nos nossos filhos autistas, e em não desistir das suas capacidades, e das alegrias e o amor que nos une.
Ser mãe de um filho autista é uma descoberta constante e diária, da vida, do meu filho e, principalmente, de mim própria.

Hoje, o meu filho com 16 anos, o que tento fazer é trabalhar incansavelmente, na sua autonomia, para conseguir fazer o essencial como aprender a comer sozinho, aprender a cozinhar, aprender a ir à casa de banho sozinho e fazer a sua higiene pessoal. Ou seja, diariamente há muitas conquistas e isso é o que mais importa para mim porque continuarei a prepara-lo para uma vida adulta em que terá a sua própria liberdade.
Para quem não aceita ou tem dificuldade em aceitar, que tem um filho autista, deve ter consciência, que um filho é o bem maior, e em vez de prejudicá-lo a esconde-lo insista na procura de ajuda, insista em dar amor, respeito e compreensão, mesmo que por vezes seja difícil.

Por: Sandra Fontoura

Marcia NascimentoFilho sem “Rótulo”