Eye Tracking ( rastreamento ocular), a tecnologia que pode revolucionar o diagnóstico precoce das Perturbações do Espectro Autista

Eye Tracking ( rastreamento ocular), a tecnologia que pode revolucionar o diagnóstico precoce das Perturbações do Espectro Autista
A tecnologia

Uma promissora pesquisa científica vem sendo desenvolvida nos Estados Unidos Trata-se da tecnologia de “Eye Tracking”, uma espécie de mapeamento visual que, pode facilitar e antecipar significativamente o diagnóstico da PEA .

A equipa

À frente desta pesquisa está o Dr. Ami Klin, psicólogo, doutor e pós-doutor que, dirigiu o Programa de Autismo na Universidade de Yale, um dos Institutos Nacionais de Saúde designados Centros de Excelência do autismo. Atualmente dirige o Marcus Autism Center da Children’s Healthcare of Atlanta, que é lider na pesquisa do autismo e da Neurociência Social.

Sabe-se que um dos principais sinais da PEA é a dificuldade da criança em olhar nos olhos durante uma conversa, já que ela tende a focar muito mais em detalhes ou em objetos. Esta tecnologia é capaz de identificar tal dificuldade em crianças muito pequenas, a partir dos seis meses de idade ou até mesmo mais cedo.

Segundo o Dr. Ami Klin, trata-se de um “aparelho que possibilita o diagnóstico objetivo e quantitativo do autismo, assim como a medida do nível de desenvolvimento intelectual e de linguagem da criança. Esse procedimento leva 12 minutos e é efetuado por um técnico,.

Os testes

No teste, a criança é colocada em uma cadeira e exposta a imagens de uma tela. Essa tela exibe imagens em movimento e o sistema desenvolvido pelos médicos capta a direção do olhar da criança – se ela olha para as pessoas, para os objetos, se acompanha os movimentos, se olha nos olhos das pessoas que aparecem na imagem.

Dr. Ami defende que mesmo uma criança com um ou dois meses de idade já pode começar a demonstrar alguma diferenciação na direção do olhar, caso seja uma criança do Espectro Autista. Um exame como este poderia antecipar o diagnóstico.

Segundo o especialista, as pesquisas em rastreamento ocular que estão em desenvolvimento são focadas nas anomalias do olhar – ou seja, em identificar se o bebê dá preferência ao olhar dos demais e se há intenção de comunicar.
Em um estudo anterior, o grupo de pesquisa de Ami Klin apresentou a crianças de dois anos de idade vídeos onde uma atriz olhava diretamente para a câmera, atuando como cuidadora e interagindo com o espectador com jogos interativos tradicionais de bebês – como o famoso ‘escondeu-achou’, entre outros – enquanto os padrões de fixação do olhar das crianças eram mensurados por rastreamento ocular. “Havia três grupos: crianças na primeira infância com PEA, controles de desenvolvimento típico – DT (TD em inglês) e controles não-autistas mas com atraso no desenvolvimento – AD (DD em inglês). As crianças com PEA exibiram um grau de fixação de olhar muito menor do que os outros dois grupos: a fixação média de olhar foi de fato menos da metade da exibida pelas crianças com DT e AD”.

De acordo com ele, duas observações adicionais deste estudo foram extremamente válidas. “Primeiro, a fixação do olhar nas crianças com PEA tinha uma correlação significativa com seus níveis de incapacidade social (mensurada com instrumentos clínicos padronizados), conferindo desta forma validade clínica a este ensaio comportamental. Segundo, as crianças com PEA também exibiram fixação significativamente maior na boca do que os controles”, explica.

Iniciado com crianças de um mês de idade, o estudo mostrou um declínio contínuo de fixação do olhar já a partir do segundo mês, “chegando a um grau próximo à metade dos controles do ponto final aos 24 meses. O declínio da fixação do olhar já se manifestava no primeiro semestre”, complementam os autores do artigo.

Obejctivos

O principal objetivo destes estudos “Eye Tracking”, segundo dr. Ami Klin, é desenvolver uma forma de triagem que aconteça, cada vez mais cedo e de maneira ampla, em todo e qualquer hospital ou consultório, muito antes da criança já apresentar os sintomas mais evidentes.

Segundo ele, em zonas rurais e periferias, a PEA tem uma média de diagnóstico que vai além dos cinco anos e meio de via. Nesses casos, “ao invés de tratarmos o autismo, nós tratamos os resultados do autismo, que podem ser devastadores. Quanto mais tarde é o diagnóstico, maior a probabilidade de não conseguirmos otimizar os resultados eventuais de tratamento e intervenções. Mas a ideia é termos uma solução que seja acessível e viável para a comunidade em geral, e não somente para as pessoas com muito recurso”, completa.

Além disso, ele reforça também a importância de pensar para além do diagnóstico. “Mas é crítico que essa tecnologia – pode revolucionar a identificação e diagnóstico precoces – seja adotada somente em lugares aonde se faça um esforço da mesma maneira para aumentar o acesso a serviços de intervenção precoce. Não seria ético diagnosticar crianças, se não temos nada a oferecer a essas famílias”.

Mario NascimentoEye Tracking ( rastreamento ocular), a tecnologia que pode revolucionar o diagnóstico precoce das Perturbações do Espectro Autista